domingo, 18 de agosto de 2013

RECUPERANDO O VALOR E O SENTIDO DA AMIZADE EM TEMPOS SOMBRIOS

Júlia (Julia, 1977) é a penúltima realização de Fred Zinnemann, notabilizado por Matar ou morrer (High noon, 1952), A um passo da eternidade (From here to eternity, 1953) e O homem que não vendeu sua alma (A man for all seasons, 1966). O realizador desenvolveu, desde o início da carreira, o gosto por encenações marcadas pela veracidade, nas quais os personagens são postos à prova em situações adversas. Júlia  com roteiro extraído de Pentimento: a book of portraits, de Lillian Hellman  é produção que honra a filmografia de Zinnemann e as convenções do melhor cinema clássico hollywoodiano. Provavelmente, é um dos últimos exemplares de um padrão narrativo hoje definitivamente perdido. Com andamento pausado e reflexivo, o filme é estruturado como um longo flashback pelo qual a personagem Lillian (Jane Fonda) remói e tenta organizar lembranças pessoais e íntimas acumuladas ao longo de muitos anos. A apreciação a seguir, de 1978, foi revista e ampliada em 1990.








Júlia
Julia

Direção:
Fred Zinnemann
Produção:
Richard Roth, Julien de Rode
20th. Century-Fox
EUA 1977
Elenco:
Jane Fonda, Vanessa Redgrave, Jason Robards, Dora Doll, Maximillian Schell, Hal Halbrook, Rosemery Murphy, Cathleen Nesbitt, Maurice Denhan, Gérard Buhr, Lisa Pelikan, Susan Jones, Dora Doll, Elizabeth Mortensen, Meryl Streep, John Glover, Mark Metcalf, Stefan Gryff, Phillip Siegel, Molly Urquhart, Anthony Carrick, Ann Queensberry, Edmond Bernard, Jacques David, Jacqueline Staup, Hans Verner, Christian de Tilière, Lambert Wilson e os não creditados Jacques Disses, Jim Kane, Don Koll, Francis Lemaire, Richard Marr, Shane Rimmer, Vincent Sardi Jr.




O diretor Fred Zinnemann



Júlia é a penúltima realização de Fred Zinnemann. Segue ao insatisfatório O dia do chacal (Day of the Jackal, 1966). O cineasta encerra as atividades em 1982 com Cinco dias num verão (Five days on Summer). Tem a carreira marcada por clássicos, principalmente Matar ou morrer (High noon, 1952), A um passo da eternidade (From here to eternity, 1953) — aos quais nutro especial afeição —, Uma cruz à beira do abismo (The nun’s story, 1959) e O homem que não vendeu sua alma (The man for al seasons, 1966). Seguramente, Perdidos na tormenta (The search, 1948) e o sensível e vilipendiado Cruel desengano (The member of the wedding, 1952)[1] merecem lugar entre os trabalhos considerados inolvidáveis. Infelizmente, não é o que acontece. A Zinnemann também é creditado Oklahoma (Oklahoma, 1955), musical pretensioso, delirante, pesado, enfadonho e constrangedor, apesar de seus ardorosos fãs.


Zinnemann — austríaco expatriado  recebeu influências de King Vidor, Sergei M. Eisenstein, Eric Von Stronheim, Robert Siodmak e, principalmente, de Robert J. Flaherty[2]. Com eles adquiriu o gosto por encenações marcadas pela veracidade. Devido a isso, valorizava abordagens diretas, objetivas, secas e precisas. Atraia-o a busca pela perfeição e as filmagens em locações. Seus personagens enfrentam, quase sempre, situações tensas que resultam em conflitos de consciência, chamamentos ao dever e riscos à integridade física ou moral. O xerife Will Kane (Gary Cooper) de Matar ou morrer e Sir Thomas Morus (Paul Scofield) de O homem que não vendeu sua alma são, disso, exemplos claros: fragilizados por contingências decorrentes de imposições sociais, históricas e políticas, revelam-se fortes quando decidem enfrentá-las em nome de convicções profissionais e éticas. Nesse sentido, Júlia honra o cinema do diretor. Revela-lhe os melhores atributos humanos e artísticos, mesmo com as profundas reavaliações críticas que, nos últimos anos, abalaram a reputação do criador e o conjunto da criação.


Sete vezes indicado ao Oscar de Melhor Direção — categoria na qual soma duas vitórias[3] —, Zinnemann amarga atualmente o status nem sempre lisonjeiro de artesão competente. Significa: é pouco inventivo e prisioneiro de convenções. Em termos mais exatos, na contemporaneidade fluida que faz e desfaz reputações, foi rebaixado ao largo e difuso patamar da mediocridade. Porém, bom seria se todos os realizadores de fato reputados como menores e padronizados fossem dignos das convenções que Zinnemann tão bem representou como bom contador de histórias que é.


Júlia seria dirigido por Sidney Pollack, na ocasião envolvido com Um momento... Uma vida (Bobby Deerfield, 1977). Com isso, o projeto passou às mãos de Zinnemann. Ajustava-se com perfeição às suas preferências temáticas. Mais uma vez lidaria com personagens situados em contextos tensos, nos quais deveriam afirmar seus mais arraigados valores. Havia também o fator veracidade, tão caro ao diretor, facilitado pelo argumento de Júlia ser, aparentemente, apoiado em fatos. O cartaz informa: “Baseado numa história verdadeira”. Descobriu-se bem mais tarde, para decepção de Zinnemann, que o argumento de Lillian Hellman, extraído do autobiográfico Pentimento: a book of portraits[4], é um misto de fabulação com apropriação indevida das memórias da norte-americana Muriel Gardiner. Esta seria a verdadeira Júlia: estudou na Universidade de Oxford; especializou-se em medicina, em Viena; foi discípula de Freud; arriscou-se na resistência ao Nazismo; envolveu-se diretamente na salvação de judeus e dissidentes anti-hitleristas; não conheceu Hellman; e faleceu nos Estados Unidos em 1985, dois anos após publicar Code name Mary: Memoirs of an American woman in the Austrian underground. Provavelmente, Hellman soube da história por intermédio de seu advogado, Wolf Schwabacher, também amigo de Gardiner e que a visitou em Viena.


Lillian Hellman e Dashiell Hammett


Se há inverdades na matéria-prima do filme, o problema moral daí decorrente é exclusivamente de Lilian Hellman. Zinnemann — se decepcionado ficou — não correu, de forma alguma, o risco de ver diminuído o alcance cinematográfico da adaptação que empreendeu. Júlia, em seu andamento, honra as tradições do melhor cinema clássico hollywoodiano em cujas entranhas foi gerado. É elegantemente elaborado. A edição e planificação oferecem ao espectador tempo para apreciar a tessitura das imagens, o acurado padrão das interpretações e as emoções transmitidas pelos atores. Provavelmente, é um dos últimos exemplares de um padrão que parece definitivamente perdido.


O perfeccionismo de Zinnemann o conduziu a seis meses de pesquisa por locações na França e Inglaterra. Outros quatro meses foram despendidos nas filmagens e mais seis na pós-produção.


O roteiro de Alvin Sargent privilegia uma narrativa que avança e recua no tempo, em vários focos de distribuição espacial. Basicamente, o filme é um longo flashback, uma tentativa de organização de lembranças pessoais e íntimas acumuladas ao longo de muitos anos. Por isso, tornam-se esmaecidas, repletas de pontos obscuros. Devido ao prolongado distanciamento, surgem como recortes desfocados, povoados por fantasmagorias. A envelhecida dramaturga Lillian Hellman (Fonda) expressa os sentimentos da perda e do remorso. As imagens iniciais, tomadas contra a luz do entardecer, também conferem à personagem a sensação de espectro envolto na penumbra, como as memórias que tenta recuperar. Está em um barco, pescando e acionando recordações. Entrega-se aos devaneios do pentimento, termo que traduz o arrependimento do artista na tentativa de vislumbrar os contornos iniciais de sua obra, alterados em decorrência do tempo e do esforço criativo. A sensação de vazio invade a protagonista. Júlia (Redgrave, quando adulta; Pelikan, quando jovem) é a tela enigmática e desfocada, cujos traços originais Lillian se esforça em recompor.


A estadunidense Lillian (Jones, na infância) e a inglesa Júlia consolidam forte e duradoura amizade desde os anos 10. Passam juntas as férias escolares, quase sempre na casa dos aristocráticos e afetivamente distantes avós de Júlia, na Inglaterra. São os responsáveis pela criação e educação da menina, que cresce afastada do convívio com os pais. Desde cedo, revela-se uma personalidade forte, decidida e independente. É governada pelo senso de justiça e atraída pelo socialismo em decorrência do desprezo devotado à classe social na qual se originou. Desprendida, converte-se, com suas idéias e atitudes, em motivo de admiração para a mais frágil Lillian. Na juventude optou pela carreira médica. Após os estudos iniciais em Oxford, parte para Viena. Torna-se discípula de Freud. Enquanto isso, na América, numa casa de praia da Nova Inglaterra, Lillian se lança na dramaturgia com a peça The children’s hour[5], sob inspiração e supervisão crítica do amante, o renomado e há muito estabelecido escritor Dashiell Hammett (Robards)[6]. São os anos 30. As amigas pouco se veem. É Lilian que permanece em cena a maior parte do tempo. Mas a determinada e delicada Júlia é presença constante em suas recordações.


Jane Fonda como Lillian Hellman

Tentando exorcizar um momento dominado pela falta de inspiração, Lillian viaja à Europa. Em Viena, depara-se, assustada, ao lado da amiga convalescendo em um hospital depois de gravemente ferida num raid da juventude nazista. Concretamente, toma ciência da disposição de Júlia em arriscar a vida na defesa dos ideais nos quais acredita. A ocasião não permite diálogos e a renovação de afetos. Ainda por cima, Júlia desaparece misteriosamente, por motivos de segurança, enquanto Lillian é aconselhada a voltar aos Estados Unidos. Em 1934 conclui The children’s hour[7], publicada e encenada com sucesso estrondoso.

Com a consagração, Lillian é convidada a uma conferência de escritores na Rússia. Na escala parisiense é contatada por Johann (Schell) e convencida a passar em Berlin antes de seguir para Moscou. Contrabandeará cinquenta mil dólares pertencentes a Júlia, quantia que financiará a libertação e fuga de perseguidos do nazismo. A viagem de trem e a breve estadia em Berlin são tensas. Ela, afinal, é judia, como a amiga. Encontram-se rapidamente, sem tempo para a partilha de emoções. A personagem de Redgrave caminha com muletas, sequela das agressões sofridas em Viena. Em meio às poucas palavras trocadas no inseguro espaço de um bar, a personagem de Fonda descobre, surpresa, a existência de Lilly (homenagem a Lillian), filha da amiga, mantida em segurança na Alsácia francesa. Compromete-se a cuidar da criança caso sobrevenha o pior. Em Moscou, é informada do assassinato de Júlia. Parte em infrutífera busca pela menina. A insegurança começa a tomar conta da Europa com a rápida expansão nazista além das fronteiras da Alemanha. A filha de Júlia está provavelmente morta. Lillian jamais se perdoará por isso. Seguirá em frente, assaltada pelas lembranças da amiga — “o mais belo dos semblantes” —, pelas dores da relação interrompida e promessa não cumprida.



Johann (Maximillian Schell) e Lillian Hellman (Jane Fonda)


Os detratores de Zinnemann denunciaram a estrutura “quadrada” de Júlia e seu andamento pausado e reflexivo. Porém, residem nessas qualidades o melhor do filme. Sentem-se a tensão irradiada das imagens e a inquieta pulsação dos personagens, sobretudo de Lillian Hellman em seu afã de conferir sentido aos retalhos afetivos que luta para organizar. É um filme que valoriza o sentido da amizade; sobretudo daquela que é talhada nas diferenças de personalidades e temperamentos, mas que respeita acima de tudo as individualidades. Acerca desse tema, atribui importância aos relacionamentos afetivos fortemente consolidados em períodos históricos conturbados — como o da ascensão do nazismo —, que resultam em medo e crise de confiança. A coragem das amigas e o vínculo que as une resumem o principal do filme. Não faltam os ingredientes básicos do cinema clássico hollywoodiano: suspense, intriga e senso do dever como elemento de superação, presentes acima de tudo na viagem de trem.



Lillian (Jane Fonda) e Júlia (Vanessa Redgrave)  no rápido encontro em Berlin


Zinnemann confere rigor e segurança à narrativa, a partir do bem pontuado roteiro de Alvin Sargent. O guião dá a sensação de brincar com o comportamento anárquico da memória quando esta tenta encadear linearmente as lembranças. Parece que se misturam, extraviam-se e se perdem nas curvaturas do tempo de longo curso. Sentem-se os avanços e recuos típicos de quem já adentrou em idade considerável e experimenta a melancólica sensação que resulta da perda definitiva de algum elemento de valor. Também há a incerteza sobre o que foi de fato vivenciado e apenas imaginado. Poucos filmes fizeram tão boa utilização do flashback, principalmente na vã tentativa de reordenar ou recompor, como num gesto de expiação, dados consolidados do passado a partir de avaliações do presente. Dando sentido prático à sucessão de marchas e contramarchas da memória, está o montador Walter Murch. Mas seu trabalho não pode ser considerado isoladamente. Auxiliam-no o diretor de fotografia Douglas Slocombe e o compositor Georges Delerue. Slocombe, como se costuma dizer, obtém imagens de "tirar o fôlego”, evocativas e etéreas, capazes de comunicar o pulsar da tensão, da insegurança e do medo nos ambientes controlados pelo nazismo. Os nostálgicos acordes de Delerue remetem a temas alusivos ao sobrenatural e ilustram sobremaneira o vazio decorrente da perda sentida e irrecuperável, da dor que abala a estabilidade da alma.


Vanessa Redgrave como Júlia


Os atores oferecem desempenhos mais que convincentes, verdadeiros, desprovidos de artificialismos e afetações. Júlia também é, acima de tudo, um filme para o brilho dos intérpretes. Acerca disso, é uma das produções marcantes dos anos 70. Não é sempre que duas mulheres são vistas agindo com independência, apartadas dos prolongamentos das atitudes e escolhas masculinas. Vanessa Redgrave, premiada com o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, é, com Júlia, uma presença ao mesmo tempo irreal e magnética. Oferece uma das melhores interpretações femininas do cinema, apesar de permanecer pouco tempo em cena. Sua atuação é discreta, mas impregnada pelo “espírito da presença”. Comunica a personalidade de Júlia por meio dos olhos, do cabelo, das mãos e, logicamente, da face que tanto impressiona Lillian. A personagem de Redgrave relaciona beleza exterior com coragem interior na composição de uma mulher generosa, de estatura heroica, capaz, por isso, de resistir às pressões infinitamente maiores do contexto histórico-social sobre o indivíduo. Lisa Pelikan, intérprete da jovem Júlia, parecidíssima a Vanessa Redgrave, também possui inegável talento dramático.


O desempenho de Jane Fonda sintetiza insegurança, fúria e frustração. Sua caracterização de Lillian Hellman é enérgica, sem descambar para o exagero na composição de uma personalidade complexa, sagaz e teimosa, incapaz de lidar com as cobranças do sucesso e com falta de jeito para viver situações perigosas. Na memorável sequência do encontro em Berlin, as personagens de Fonda e Redgrave parecem saber que estão se vendo pela última vez. As atrizes brilham no represamento às emoções, apesar de ser um momento cinematograficamente emocionante. Júlia, apenas com o olhar, apresenta-se fracamente receptiva, mas decidida em levar adiante a missão que escolheu. Por sua vez, Lillian é a face da perplexidade, a própria imagem da impotência.


Até parece que a verdadeira Lillian Hellman buscou na Júlia de Pentimento explicação ou justificativa para se converter na mulher forte e corajosa que desafiou a inquisição do macarthismo, desde o final dos anos 40, quando foi incluída na "lista negra" por seus posicionamentos francamente liberais e por se recusar a delatar conhecidos e companheiros. Fora decidida militante contra o nazifascismo nos anos 30. Em 1952 tomou a defesa do enfermo Dashiel Hammett ante os inquisidores do Senado e viu o companheiro condenado a seis meses de prisão. Sobre o período, Hellman publicou em 1976 o livro Scoundrel time, ou “tempo canalha” na tradução literal[8].



Jason Robards no papel de Dashiell Hammett 


Pelo que se conhece de Dashiell Hammett, inclusive fisicamente, Jason Robards — premiado com o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante  deu interpretação sob medida para o autor. Vê-se em tela alguém com aparência de cansado da vida, cínico, descrente, como se fosse ele próprio um personagem das desencantadas novelas policiais que escreveu. O Hammett de Robards é quase um contraponto ao idealismo de Júlia e Lillian. Porém, é assim apenas na aparência. Nos momentos decisivos, revela-se o companheiro indispensável, oferecendo apoio e repartindo afeto. Metaforicamente, é ele que põe a companheira na estrada, obrigando-a a caminhar.


Maximilian Schell tem poucos momentos em cena. Mas seu personagem faminto mostra suficiente presença de espírito para pedir e saborear um pão com ovos enquanto revela a Lillian a missão que deverá desempenhar a pedido de Júlia.


Meryl Streep estreia no cinema em Júlia. Aparece uma vez, rapidamente, como Anne Marie, lançando insinuações maliciosas acerca do relacionamento de Lillian com a personagem de Redgrave.



Meryl Streep estreia no cinema em Júlia, no papel da intriguenta Anne Marie


Além dos Oscars atribuídos a Vanessa Redgrave e Jason Robards, Júlia também fez jus à estatueta de Melhor Roteiro Adaptado para Alvin Sargent. Jane Fonda, indicada a Melhor Atriz, perdeu para Diane Keaton por Noivo neurótico, noiva nervosa (Annie Hall, 1977), de Woody Allen. Este sobrepujou Fred Zinnemann na categoria de Melhor Diretor. Na disputa a Melhor Filme, Annie Hall levou a melhor.


Durante a entrega dos Oscars, Vanessa Redgrave constrangeu os organizadores da cerimônia com longo discurso em favor da causa palestina e acusando Israel de cometer crimes de guerra. Do lado de fora, membros da Liga de Defesa Judaica protestavam contra a atriz enquanto grupos palestinos a apoiavam. Por segurança, chegou à cerimônia de ambulância, amparada por guarda-costas que eram os únicos negros presentes, o que gerou outro protesto, da BIMBO (Blacks in Media Broadcasting Organization), contra o suposto “racismo” da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.



Júlia (Vanessa Redgrave) e Lillian Hellman (Jane Fonda)


Júlia fez jus a outros prêmios nos mais diversos certames: em 1977 — do New York Film Critics Circle para Melhor Ator Coadjuvante (Maximilian Schell) e Melhor Atriz Coadjuvante (Vanessa Redgrave); da National Society of Film Critics para Jane Fonda (terceiro lugar como Melhor Atriz) e Maximilian Schell (terceiro lugar como Melhor Ator Coadjuvante); do Los Angeles Film Critics Association para Melhor Direção de Fotografia, Melhor Ator Coadjuvante (Robards) e Melhor Atriz Coadjuvante (Redgrave); e do National Board of Review como um dos 10 filmes mais importantes do ano; em 1978 — do Writers Guild of America de Melhor Roteiro Adaptado; Melhor Fotografia do British Society of Cinematographers; David di Donatello para Melhor Atriz Estrangeira [Fonda, empatada com Simone Signoret por Madame Rosa, a vida à sua frente (Madame Rosa, 1975), de Moshé Mizrahi] e de Melhor Direção; Globo de Ouro para Melhor Atriz em Filme Dramático (Fonda) e Melhor Atriz Coadjuvante (Redgrave); Silver Ribbon do Italian National Syndicate of Film Journalists para Melhor Diretor de Filme Estrangeiro, do Kansas City Film Circle para Melhor Ator Coadjuvante (Robards) e Melhor Atriz Coadjuvante (Redgrave); em 1979 — do British Academy of Film and Television Arts (BAFTA) de Melhor Atriz (Fonda), Melhor Fotografia, Melhor Roteiro e Melhor Filme.





Roteiro: Alvin Sargent, baseado na novela Pentimento, de Lillian Hellman. Música e direção musical: Georges DeLerue. Direção de fotografia (Color DeLuxe): Douglas Slocombe. Produção executiva: Julian Derod. Produtor associado: Tom Pevsner. Desenho de produção: Gene Calahan, Willy Holt, Carmen Dillon. Montagem: Walter Murch, Marcel Durham. Figurinos: Anthea Sylbert. Guarda-roupa: Joan Bridge, Annalisa Nasalli-Rocca. Produção de elenco: Julliet Taylor, Margot Capelier, Jenia Reissar. Assistente de direção: Alain Bonnot, Anthony Waye. Continuidade: Pamela Davies. Assistente de câmera: Robin Vidgeon. Mixagem de som: Derek Ball. Operador de câmera: Chic Waterson. Maquiagem: George Frost. Penteados: Ramon Gow. Gerente de produção: Jean-Pierre Spiri-Mercanton, Bill Kirby. Produção associada: Van Jones. Montagem: Marcel Durhan. Edição de som: Leslie Hodson. Camareiros: Pierre Charron, Tessa Davies, Tommy Bacon (não creditado), Dennis Fruin (não creditado), Kieron Mcnamara (não creditado). Contra-regra: Pierre Roudeix, John Leuenberger, Bob Douglas (não creditado), Bob Hedges (não creditado), Peter Hedges (não creditado). Fotografia de segunda unidade: Paddy Carey, Guy Delatre. Supervisão de costumes: John Wilson-Apperson, Collette Baudot. Maquiagem de Jane Fonda: Bernardine M. Anderson. Segundos assistentes de direção: Gerry Gavigan (não creditado), Terry Hodgkinson (não creditado), Roger Wielgus (não creditado). Terceiro assistente de direção: Terry Madden (não creditado). Chefe de desenhos técnicos: Reg Bream (não creditado). Assistente do departamento de arte: Steve Cooper (não creditado). Aquisições: David Lusby (não creditado). Desenhos técnicos: Peter Sheilds (não creditado). Marcação de sinais: Bob Walker (não creditado). Gerente de construções: Gus Walker (não creditado). Regravação de som: Bill Rowe. Assistente de som: Bill Barringer (não creditado). Assistente da edição de combinação de sons: Roy Birchley (não creditado). Engenheiro de som: Peter Handford (não creditado). Combinação de sons: Archie Ludski (não creditado). Operador de microfones: Ken Nightingall (não creditado). Dubles: Sue Crosland (não creditada), Veronica Griffiths (não creditada), Dan Vieru (não creditada). Eletricistas-chefes: Charles Lefèvre, Barry Miller. Ferramenteiro: Brian Osborne, René Strasser. Eletricistas: John Hammond (não creditado), John Harman (não creditado), Ray Snooks (não creditado), Hank Wilcox (não creditado). Jóias: Joan Joseff (não creditado). Assistentes de guarda-roupa: Ruth Knight (não creditado), Janet Lucas (não creditado). Assistente de montagem: Mick Monks (não creditado). Transportes: Peter R. Chittell (não creditado). Contabilidade: Stanley Burridge. Continuidade: Pamela Davies. Assistentes de produção: Van Jones, Paul Chart (não creditado). Secretária: Linda Allen (não creditada). Secretária da contabilidade: Trudy Balen (não creditada). Secretária de Fred Zinnemann: Claudia Fraser-Orr (não creditado). Publicidade: Geoff Freeman (não creditado). Secretária da publicidade: Barbara Harley (não creditada). Secretária de Richard Roth: Carolyn Hicks-Beach (não creditada). Direção de diálogos: Elizabeth Smith (não creditada).
Tempo de exibição: 117 minutos.


(José Eugenio Guimarães, 1978; revisto e ampliado em 1990)



[1] O chefe de produção da Columbia Pictures, Harry Cohn, antipático a Zinnemann, ordenou várias montagens de Cruel desengano. Mesmo assim, é uma realização tocante sobre a carência afetiva e a dor do crescimento.
[2] ALBAGLI, Fernando. Tudo sobre o Oscar. Rio de Janeiro: EBAL, 1988. p. 319.
[3] Fred Zinnemann foi oscarizado pela Melhor Direção por A um passo da eternidade e O homem que não vendeu sua alma. Ambos também venceram na categoria de Melhor Filme. Perdidos na tormenta, Matar ou morrer, Uma cruz à beira do abismo, Peregrino da esperança (The sundowners, 1960) e Júlia também o indicaram ao Oscar de Melhor Direção.
[4] Publicado no Brasil em 1973, pela Francisco Alves do Rio de Janeiro, com o título Pentimento: um livro de retratos.
[5] Hellman também é autora de The little foxes, The North star, The dark angel e Toys in the Attick etc. The children’s hour foi duas vezes adaptado ao cinema com direção de William Wyler: These three (1936) e The children’s hour (1961). No Brasil, receberam o igual título de Infâmia. Wyler também filmou The little foxes (1941), ou Pérfida, na exibição brasileira. Lewis Milestone transpôs The North star (1943); Sidney Franklin, The dark Angel (1935); e George Roy Hill, Toys in the Attick (1963). As realizações de Milestone, Franklin e Hill foram batizadas, respectivamente, como Estrela do norte, O anjo das trevas e Na voragem das paixões quando distribuídas entre nós.
[6] Dashiell Hammett ficou célebre como autor de novelas policiais, dentre as quais The Maltese falcon, que lançou o detetive Sam Spade, imortalizado por Humphrey Bogart no filme de estréia de John Huston, Relíquia macabra (The Maltese falcon, 1940). Também escreveu Safra vermelha (Red harvest), O detetive da Continental (Continental Op), A chave de vidro (The glass key), A ceia dos acusados (The thin man) e Estranha maldição (The dain curse). Frank Tuttle, em 1935, e Stuart Heisller, em 1942, levaram The glass key ao cinema, batizado no Brasil, respectivamente, como A chave de vidro e Capitulou sorrindo. W.S. Van Dyke filmou The thin man (1934), ou A ceia dos acusados entre nós.
[7] Várias passagens do filme sugerem a existência de uma relação mais que fraterna entre Júlia e Lillian, apesar das negações veementes da autora na representação de Jane Fonda. Alguns personagens chegam a tocar no assunto. Nesse sentido, as professoras Karen e Martha de The children’s hour aparentam ser uma extensão da suposta ligação sexual de Hellman com alguma eventual amiga, encoberta por Júlia em Pentimento.
[8] Publicado no Brasil pela Francisco Alves, do Rio de Janeiro, com o nome de Caça às bruxas.