domingo, 6 de julho de 2014

ADA MACGRATH E SEU PIANO REABREM O PARAÍSO ÀS TRANSGRESSÕES

Desde menino de calças curtas, influenciado pelo Tesouro da Juventude e aulas de geografia, tenho a Nova Zelândia como representação do suposto paraíso perdido. Ainda mantenho essa imagem, agora reforçada pelo cinema. A neozelandesa Jane Campion contribuiu para a construção com seu poético e sublime O piano (The piano, 1993). Nele, a escocesa muda Ada MacGrath (Holly Hunter) irrompe nas paragens ainda ermas daquele recanto da Oceania. Por força das circunstâncias, e com a disposição de Eva ou Pandora, abre o lugar à entrada das transgressões. Ao invés da maçã ou caixa, traz o piano do qual libera inebriantes sonatas. É um filme que suscita paixões e divide opiniões. Muitos amigos o execraram. Porém, considero-o exemplar decorrência de roteiro preciso, traduzido por cineasta inspirada, apoiada em rara capacidade de síntese. Fora o fato de parecer tributário do contido e austero romantismo inglês do século 19. As interpretações, o comentário musical e a direção de fotografia são outros pontos fortes. A apreciação, de 1993, foi revista e ampliada em 1996.





O piano
The piano

Direção:
Jane Campion
Produção:
Jan Chapman
CIBY 2000, The Australian Film Commission, Jan Chapman Productions, New South Wales Film & Television Office
Austrália, Nova Zelândia, França — 1993
Elenco:
Holly Hunter, Harvey Keitel, Sam Neill, Anna Paquin, Geneviève Lemon, Kerry Walker, Tungia Baker, Ian Mune, Peter Dennett, Te Whatanui Skipwith, Pete Smith, Bruce Allpress, Cliff Curtis, Carla Rupuha, Mahina Tunui, Hori Ahipene, Gordon Hatfield, Mere Boynton, Kirsten Batley, Tania Burney, Annie Edwards, Harina Haare, Christina Harimate, Steve Kanuta, P. J. Karauria, Sonny Kirikiri, Alain Makiha, Greg Mayor, Neil Mika Gudsell, Guy Moana, Joseph Otimi, Glynis Paraha, Riki Pickering, Eru Potaka Dewes, Liane Rangi Henry, Huihana Rewa, Tamati Rice, Paora Sharples, George Smallman, Kereama Teua, Poamo Tuialii, Susan Tuialii, Kahumanu Waaka, Lawrence Wharerau, Eddie Campbell, Roger Goodburn, Stephen Hall, Greg Johnson, Wayne McGoram, Jon Brazier, Stephen Papps, Nicola Baigent, Ruby Codner, Karen Colston, Verity George, Julie Steele, Timothy Raby, Jon Sperry, Isobel Dryburgh, Claire Lourie, Rose McIver, Amber Main, Rachael Main, Sean Abraham, Tomas Dryburgh, Simon Knight-Jones, Julian Lee, Daniel Lunn, Barbara Grover, Arthur Ranford, Rob Ellis, Terrence Garbolino, William Matthew, Nancy Flyger, George Boyle, Jason Aranui, Thomas Crowe, Shane Howell, Sam Ingley, Lance Kahukiwa, Graham Kereama Barrett, Wayne Kingi, Lucas Puhi Thompson, Peter Rangitaawa, Joseph Samuel, Thomas Searancke, Philip Taiaho Heke, George Te Huia, Alfred Tiaki Hotu, o cão Flynn.



Jane Campion


Dialogado em inglês, maori e linguagem britânica de sinais, O piano é embalado por atmosfera romântica e mistificadora. O roteiro preciso de Jane Campion resulta num filme estruturado musicalmente, como sonata carregada de paixão. O andamento é pausado, reflexivo, encantador. As imagens extravasam emoção e erotismo de influências nitidamente góticas. Tem-se a impressão de que se inspiram no contido e austero romantismo inglês de meados do século 19 das irmãs Brontë, Emilly e Charlotte, responsáveis, respectivamente, por O morro dos ventos uivantes e Jane Eyre.


Porém, em que pesem todas essas qualidades, questão não menos importante se levanta: que seria de O piano sem Holly Hunter como Ada Wyston McGrath — escocesa de meia idade, viúva e muda, mãe da perspicaz Flora (Paquin) — vendida pelo pai a um homem que nunca viu — o pragmático puritano Alisdair Stewart (Neill), landlord na longínqua e novíssima Nova Zelândia? Hunter está impecável. É a alma do filme, sua espinha dorsal. Sua personagem é singular e paradoxal: é pura contenção e também etérea, forte e voluntariosa. Qual espírito sem lugar, irrompe nas paragens redimensionadas por golpes de arrojo e determinação masculinos como se tivesse a missão de assombrá-las e redimensioná-las.


Ada sempre foi personalidade forte e decidida. Aos seis anos se recolheu ao mutismo, terminantemente. A decisão, regiamente cumprida, atrofiou-lhe as cordas vocais. Com isso, fechou-se em mundo próprio, movimentado e coberto de sentido pelo som de seu piano. Quando necessário, Flora faz a mediação da mãe com a realidade envolvente, traduzindo-lhe desejos e necessidades pela linguagem de sinais, ao menos quando ela não é compreendida nas sensações e sentimentos extravasados pelas expressões faciais, assumidamente do olhar.


Holly Hunter como Ada Wyston McGrath


Holly Hunter atua sem vaidade. A composição é minimalista. Ada materializa o despojamento em vestes negras, pouco atrativas, os cabelos presos e cobertos. A falta de palavras e o figurino são pretextos para elevar a verve de uma atriz brilhante na plenitude dos 34 anos. Poucos desempenhos femininos no cinema dos últimos anos são tão intensos e envolventes, ainda mais com a eliminação da expressão verbal. Mas as aparências enganam. Apesar de envolta na capa da austeridade, a personagem é impulsionada por paixões. Anseia pelo amor. É o que pede com a música nem sempre compreendida e sentida de seu piano. Essa mulher muda, ao se expressar musicalmente, revela impressionante poder de atração, capaz de manipular — inclusive sexualmente — os que a ouvem. Nas paragens chuvosas, enlameadas e acidentadas da cinzenta Nova Zelândia, um projeto civilizatório está em construção pelo colonizador europeu. O paraíso será reordenado. A esse meio chega Ada, aparentemente silenciosa, mas com a disposição da serpente tumultuadora. Seu piano é a maçã, o fruto do bem e do mal, a caixa de Pandora. Quando executado, preenche a paisagem com beleza e sensações que chamam as transgressões.


O piano tem algo de realismo mágico. As imagens e ação pertencem ao domínio das fábulas mais exemplares. Essas impressões são transmitidas pela direção de fotografia de Stuart Dryburgh, feita de cores suaves, resultado da combinação do cinza com o negro e o verde — que lançam a trama no patamar da irrealidade. A onipresente, mas nunca exagerada e invasiva música de Michael Nyman — com destaque para o suave tema The sacrifice — também dissolve e subverte a realidade. Jane Campion situa o filme no terreno dos sonhos. O espectador, querendo ou não, é convidado ao delírio. Os próprios personagens às vezes situam a história no plano do imaginário mais elaborado. Possuem tanto poder de convencimento a ponto de embaralhar as linhas da racionalidade seguidas pelo público na atribuição de sentido à trama. É o que acontece quando Flora inventa para as curiosas mulheres maoris as origens da mudez da mãe. Segundo a pequena, seus pais, cantores alemães de ópera, foram surpreendidos na floresta por forte tempestade. Um raio atingiu o pai, incinerando-o. A visão do fenômeno aterrorizou Ada, deixando-a muda. Flora imprime tanta convicção e maravilhamento às palavras a ponto de convencer o espectador descuidado.


Flora (Anna Paquin) e Ada (Holly Hunter) desembarcadas na Nova Zelândia


A beleza de O piano é incomum. Poucos filmes são tão poéticos e líricos. O conjunto assombra. A atuação de Holly Hunter e a direção de Jane Campion impregnam as imagens de tocante atmosfera, declaradamente feminista. O tom é de meados do século 19. Portanto, algo aparenta anacronismo, pois a força e capacidade decisória reveladas pela protagonista são tão grandes que a equiparam às mulheres contemporâneas, plenamente ciosas de seus direitos e capazes de reivindicá-los. Mas o que historicamente poderia soar problemático só contribui na ampliação do tom fabulatório da narrativa.


Os temas da feminilidade, em particular das emoções femininas, constituem a principal matéria prima da curta filmografia de Jane Campion. Antes de O pianoUm anjo em minha mesa (An angel at my table, 1990) — sobre os dolorosos dramas experimentados pela escritora neozelandesa Janet Frame (Kerry Fox) em trajetória para a afirmação. Ela e Ada são mulheres assombradas pela força dos próprios sentimentos. Impedidas de extravasá-los — por contenção própria ou em decorrência da pressão objetiva emanada do contexto em que vivem —, afundam-se no desespero ou — como ocorre em O piano — na melancolia. Apesar disso, não agem como vítimas passivas das situações. Procuram compreendê-las e reagir.


Flora (Anna Paquin) e Ada (Holly Hunter)


O roteiro, simples, praticamente não se arrisca em ousadias. Porém, foi plenamente valorizado quando convertido em imagens, principalmente pelo tratamento dispensado aos personagens. O que se vê são indivíduos isolados nas prisões edificadas por suas existências. As primeiras cenas são embaçadas. Mas logo permitem a distinção de algo semelhante a grades. São os dedos de Ada. Entre eles, da escotilha do navio que a conduz à Nova Zelândia, observa o mar agitado, limite avançado da nova morada. Está apreensiva. É acometida de desconforto logo ampliado e materializado, quando é desembarcada com Flora nos ombros de marinheiros pouco polidos que, certamente, afrontaram-nas nas intimidades. O local é ermo. Ninguém as aguarda. Os pertences, espalhados na areia, são acossados pelas ondas, inclusive o imenso, pesado e encaixotado piano. São regatadas na manhã seguinte, por Alisdair acompanhado de George Baines e carregadores maoris. O contato, frio, não poderia ser pior: o marido alega impossibilidade para transportar o instrumento. A caminho de casa, do alto do penhasco, Ada volta os olhos ao seu meio de comunicação largado na areia. A imagem é poderosa e devastadora. Amplia a mudez da personagem e o caráter inóspito do lugar e das pessoas. Estas revelam incapacidade de compreendê-la no que há de mais necessário e profundo.


A instalação de Ada é incompleta. Alisdair não demonstra intenção em buscar o piano. Fechado num pragmatismo cego, considera-o inútil. Também é alheio aos desejos e individualidades da esposa. O casamento não se consuma. Ele, aparentemente, não se importa com isso. Preocupa-se somente com os cuidados dispensados aos domínios territoriais. Estranho relacionamento! Pelo visto, Alisdair pretendia apenas uma esposa europeia para cultivar aparência de homem civilizado no novíssimo mundo, segundo o ponto de vista europeu, fortemente etnocêntrico. As mulheres maoris, sempre próximas e presentes, podem servir ao rústico George Baines, não a ele. Ada, portanto, está reduzida à condição de coisa, muda semovente, utensílio de luxo.


George Baines (Harvey Keitel)

  
Decidida e inconformada, ela apela ao lacônico George Baines. De certa forma percebeu a possibilidade de firmar cumplicidade com o vizinho. Ele também parece descentrado e pouco à vontade. É um europeu rude, analfabeto, quase aculturado. Está a meio caminho entre os costumes maoris e suas origens escocesas. De certo modo, é um pária. Qual Ada, não encontrou lugar. Por isso, é capaz de compreendê-la. Após alguma relutância, conduz mãe e filha ao piano abandonado. O momento é propício, pois o ausente Alisdair percorre as propriedades. O silencioso Baines é atingido em cheio pelos acordes liberados por Ada no reencontro com o teclado. Enquanto Flora evolui em brincadeiras e bailados ao compasso da música, a serpente invade o paraíso, metaforicamente. Uma tomada aérea — praticamente o único arroubo formal do filme — revela na praia algo parecido a um réptil negro, estranhamente estilizado, esculpido em conchas e areia. Em tomada do alto, Ada, Baines e Flora contornam a misteriosa figura no caminho de volta. Nada será como antes.


Baines está apaixonado, envolvido na musicalidade e ciente da importância capital do piano na vida de mulher. Propõe irrecusável transação ao irredutível Alisdair: a troca do "inútil" instrumento por significativa porção de terras. O acordo, revestido de imoralidade, é, ainda por cima, feito à revelia de Ada. Uma cláusula indispensável agrava o negócio: ela deverá ministrar aulas de música ao novo proprietário do piano. Indignada, tenta resistir. Mas o ambicioso Alisdair se justifica afirmando: “Somos uma família e todos têm que fazer sacrifícios”. O jeito é capitular, ainda mais com a promessa de que terá o instrumento de volta ao fim do processo.


As aulas serão ministradas na casa de Baines. O piano é limpo e afinado. A temperatura erótica do filme, mantida em latência, vem à tona. De início, o discípulo tenta se comportar como tal. Mas sabe, pelo observado na praia, da suave destreza dos dedos de Ada no contato com o teclado. Parecem acariciar o corpo de um amante. O ambiente é preenchido de sexo e desejo reprimidos. A mestra sente a música fluir de seus dedos, perdidamente, com os olhos fechados. Tem-se a impressão de que os acordes a conduzem ao encontro da própria alma. É impossível a Baines manter a disciplina. Aliás, a polidez não está em seu jeito objetivo de ser. Deseja tomar o lugar do piano. Inveja o instrumento. As aulas, pretexto para aproximá-lo de Ada, perdem sentido. Poderosas sensações o invadem. Logo a abordagem se faz direta. O espectador está diante de dois simbolismos: da serpente — estilizada na areia da praia — e das mãos. George desliza os dedos nas zonas descobertas do pescoço da absorta Ada, imersa no contato com as teclas. Logo, deita-se no chão, sob as saias da pianista. Orienta o indicador para a nesga de pele revelada por furo da meia. Ada, surpresa, tenta resistir, inutilmente. Também revela forte senso pragmático: deseja o piano e, apesar dos riscos, completar-se como mulher.


Ada (Holly Hunter) experimenta o piano e o contato das mãos de George Baines (Harvey Keitel)


Os próximos movimentos musicais e eróticos conduzem Baines ao jogo indecoroso da chantagem. A relação é situada entre a violência sexual consentida e a prostituição: Ada terá acesso a determinadas teclas se abrir mão, paulatinamente, de peças do vestuário. Apesar do caráter cruel e indigno da troca, ela consente. Prisioneira de desejos recolhidos, passa a se expressar de forma mais corpórea. A narrativa ganha em musicalidade e sensualidade. As lições, abrigadas na furtividade, tornam-se mais frequentes. Comentários maliciosos das ciumentas mulheres maoris começam a circular. Flora — apoiada em suas fontes de moralidade puritana — sente o afastamento da mãe e os efeitos do falatório. Curiosa e furtiva, descobre a mãe e Baines, nus, em carícias desinibidas. Confusa e enciumada, relata a visão ao alienado e ingênuo Alisdair.


Alisdair (Sam Neill) exibe a esposa Ada (Holly Hunter) durante os festejos natalinos


Seguem-se momentos patéticos. Esgueirando-se pelas paredes e sob o piso da residência do vizinho, Alisdair testemunha o jogo de sedução. O roteiro ainda lhe reserva momento de cruel comicidade. Diante do calor liberado da relação dos amantes, o aturdido personagem recebe a afetuosa lambida de um cachorro.


De certa forma, causa estranhamento o comportamento de Alisdair ao descobrir a inconfidência de Ada. Passa a impressão de que o fato não constitui traição. A surpresa ganha ares de algo novo, do qual nunca ouvirá falar. Em casa tenta, sem jeito e inutilmente, ser o Baines de Ada. Recusado, apela à violência. Nada consegue. Frustrado, possuído por furor incontrolável, vinga-se fortificando a casa, transformando-a em prisão. Trancafiada com Flora em seus exíguos aposentos, Ada entra em excitação. Impedida de extravasar o desejo, agarra-se à filha durante o sono. Desperta horrorizada. Tenta o apaziguamento, distraindo-se com Flora em corpóreos e inocentes folguedos infantis. Ao seu modo, vinga-se de Alisdair, perversamente. Ele deverá, em passividade, mostrar-se disponível aos toques e carícias. Chega a ser desesperador ver o impotente personagem de Sam Neill acuado como uma criança assustada, sem nada poder fazer, enquanto Ada desliza as mãos sobre ele. A vítima se torna vitimizadora, de forma racional, calculada, controlada. Incapaz de resistir, Alisdair liberta a mulher.


Evidentemente, ela corre para George. Porém, tudo mudou. Ele também se faz prisioneiro de frustrações e da consciência que aparentava não ter. Continua apaixonado, mas ciente do jogo sujo que fizera. Não mais deseja Ada à base de chantagens, mas por amor, numa entrega incondicional, sem barreiras. Ato contínuo, devolve o piano. O gesto não é compreendido por Alisdair. O obtuso marido acredita que deverá, em correspondência, abrir mão das terras negociadas e pede explicações. Por sua vez, Baines está disposto a partir. A decisão enlouquece a personagem de Hunter. De repente, o piano passa a ser pouco importante. Ada libera uma tecla na qual grava: "Meu coração pertence a você". Torna Flora emissária do presente, entregue a Alisdair pela menina contrariada.


A reação do marido é violenta, acima da medida. Até então, a violência física mais inaudita se manteve em latência. Entra em cena brutal e dolorosamente. Frustrado e enlouquecido pelo ciúme, Alisdair intercepta Ada a caminho do encontro com Baines. Decepa-lhe o indicador a golpe de machado. O piano perdeu uma tecla; a mão que o tocava, um dedo. A extirpação não é vista. Mas é plenamente comunicada e agudamente sentida. O alívio poderia decorrer de um grito de dor. Mas Ada é muda. Fala com as mãos, pelas quais extravasa emoções e sensualidade. Agora, foram laceradas. Paradoxalmente, a cena terrível se desdobra em tomadas belíssimas e poéticas. A personagem de Holly Hunter cambaleia para desabar no centro do cálice aberto de seu próprio vestido negro, como uma flor que desabrocha para o interior de si mesma. Flora, sentindo os efeitos de seu ato impensado, invade a cena com um grito de dor e horror. Apesar desse consolo, o doloroso silêncio de Ada é mais significativamente eloquente.


Simbolicamente, o sangue vertido por Ada profanou a ilusão de paraíso virginal da paisagem neozelandesa. Os acontecimentos se precipitam. A vida com Alisdair se revela inviável. Mãe e filha partem com Baines. Junto segue o piano com todos os seus significados. Ao olhar eurocêntrico da época, o instrumento seria o único elemento da cultura refinada em meio ao estado de natureza daquele recanto da Oceania. Apesar disso, provocou males e incompreensões. Tumultuou as relações. Cobrou preço alto de Ada, mesmo reforçando-a na vontade de ser aceita em seus próprios termos num mundo de feições masculinas. De certo modo, teve utilidade, cumpriu seu papel. Agora, é página virada — aquele piano, especificamente. Não é mais desejado. No barco que a conduz ao navio, Ada pede que o lancem ao mar. Mas não é fácil se livrar de objeto tão significativo, ao qual esteve presa por toda uma existência. É embaraçada na corda atada ao piano e arrastada para o oceano. Liberta-se com muito esforço. Simbolicamente morreu para renascer. Ganham sentido os versos iniciais do poema Silence, de Thomas Hood, apresentados no início do filme e repetidos ao final, enquanto a personagem se debatia: "Há um silêncio no qual som algum pode ser ouvido/Há um silêncio onde som algum pode ser sentido/No frio túmulo das profundezas do mar". Ada escapa ao duplo silêncio: da morte e da mudez. Em seu novo paradeiro, com o dedo amputado substituído por uma prótese, refaz a existência como professora de piano.


Flora (Anna Paquin) e Ada (Holly Hunter)


O piano é uma bela história, poética, sensual, intensa; perfeita em termos visuais e sonoros. A sutileza é companheira da realização. A direção de fotografia de Stuart Dryburgh preenche de vida a tranquila mas inquietante paisagem neozelandesa. A melodia minimalista de Michael Nyman recupera o romantismo da época e contribui na impressão de sentido à trama. Imagens e melodia firmam fina parceria com as intenções artísticas de Jane Campion. Em alguns momentos as opções narrativas optam pela frieza. Mas a compensação é intercalada pela quente intensidade de outras passagens. Esse alternância entre tons baixos e elevados prende a atenção do espectador, tornando-o cúmplice no processo de armação da história. Ainda com respeito à música, os únicos acordes ouvidos se devem praticamente ao piano de Ada. Quase não há melodia de fundo, fator que eleva o valor das composições na atribuição de ressonância emocional ao andamento narrativo. Não é uma música que simplesmente ilustra e comenta. É também o filme. Os acordes somados ao rico e austero visual da fotografia transformam as cenas de amor entre Ada e George em conjuntos carregados de sentimento, delicadeza e arte.


Campion opta por condução firmada na precisão e síntese. Todas as premissas narrativas são rapidamente estabelecidas. Praticamente não há tempos mortos em O piano. Mesmo as cenas visuais mais impressionantes não se perdem na exaltação ao exotismo e à beleza da paisagem, motivos que há de sobra na geografia da Nova Zelândia. No tocante ao tratamento da questão sexual, a diretora foi de uma felicidade a toda prova. Com o apoio da fotografia de Stuart Dryburgh e da discreta câmera de Alun Bollinger, mostrou-se direta e emancipadora, sem necessidade de ser invasiva, ao expor os personagens na intimidade das cenas amorosas. Por O piano, Jane Campion se tornou a primeira diretora a levantar a Palma de Ouro no Festival de Cannes.


Ada (Holly Hunter), radiante de paixão, e Flora (Anna Paquin)

  
No elenco, nome algum destoa. Os quatro atores principais demonstram o valor de suas individualidades, mas se completam num trabalho de conjunto. Anna Paquin, com apenas 10 anos, é notável na segura composição de Flora, dividida entre a fidelidade à mãe e às obrigações que — acredita — devem ser devotadas ao padrasto que as acolheu, tendo ainda o fardo de ser criança numa comunidade de difícil integração, com poucos indivíduos alinhados a ela em idade. Sam Neill surpreende como marido ingênuo, mesquinho, incapaz de entender a condição da mulher. O próprio semblante do ator muito contribui ao patético perfil de homem sério e perplexo, sempre pronto a se surpreender.


Harvey Keitel está intenso e perfeito na sólida estampa de seu semblante sisudo. Tem desempenho arrebatador e contido. O mesmo acontece a Holly Hunter. Ainda bem que Jane Campion convenceu a produtora Jan Chapman — de início interessada em atriz de estatura mais elevada e vistosa — a aceitar a baixinha e discreta intérprete de Ada, com seu incrível poder de convencimento posto à prova apenas com o olhar. Hunter tem em O piano o melhor e mais sólido desempenho de uma expressiva carreira. Além do mais, orientou a atuação de Anna Paquin, inclusive na complicada linguagem de sinais.


O piano conquistou diversos prêmios e recebeu indicações a outros tantos nas mais diversas categorias.


Jane Campion, por Melhor Roteiro Original, foi, em 1993, premiada pela Associação do Filme Australiano e Associação dos Críticos de Cinema de Los Angeles; em 1994, com o Oscar da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, pela Associação dos Roteiristas de Cinema dos Estados Unidos, pelo Círculo de Críticos de Cinema de New York e pela Sociedade Nacional de Críticos de Cinema dos Estados Unidos. Por Melhor Direção recebeu, em 1993, prêmios da Associação do Filme Australiano, do Círculo de Críticos de Cinema de Nova York, da Associação dos Críticos de Cinema de Los Angeles e a Palma de Ouro no Festival de Cannes; em 1994, os prêmios do Southeastern Film Critics Association; em 1995, o prêmio da Kinema Jumpo por Direção em Melhor Filme em Língua Estrangeira. Também foi, em 1994, indicada por Melhor Roteiro Original ao Globo de Ouro e ao BAFTA (Bristish Academy of Film and Television Arts) Award; e, por Melhor Direção, ao Oscar, Globo de Ouro, David Lean Award pela BAFTA e aos prêmios da Associação dos Críticos de Cinema de Chicago, do Directors Guild of America e ao Silver Ribbon por Melhor Direção Estrangeira em Cinema do Sindicato Nacional de Jornalistas de Cinema da Itália. Pelo Directors Guild of America, Campion foi indicada por Superioridade em Acabamento em Realização Cinematográfica; com a produtora Jan Chapman, ao BAFTA Award de Melhor Filme, também em 1994.


Holly Hunter, na categoria de Melhor Atriz, levou, em 1993, a Palma de Ouro no Festival de Cannes e os prêmios da Associação do Filme Australiano e do Círculo de Críticos de Cinema de New York; em 1994, o Oscar, Globo de Ouro (atuação em drama), BAFTA Award, e os prêmios da Sociedade de Críticos de Bostom, do National Board of Review (EUA), da Associação de Críticos de Cinema de Los Angeles, do Southeastern Film Critics Association, da Sociedade Nacional de Críticos de Cinema (EUA) e Associação de Críticos de Cinema de Chicago. Ainda em 1994 foi eleita a Atriz do Ano pelo Círculo de Críticos de Cinema de Londres e recebeu indicação ao italiano David di Donatello como Melhor Atriz Estrangeira.


Harvey Keitel, em 1993, foi considerado o Melhor Ator pela Associação do Filme Australiano.


Anna Paquin, como Melhor Atriz Coadjuvante, foi agraciada em 1993 com o prêmio da Associação de Críticos de Cinema de Los Angeles; em 1994, com o Oscar e prêmio do Círculo de Críticos de Cinema da Austrália. Também foi indicada, em 1993, ao Globo de Ouro e, em 1994, ao prêmio da Associação de Críticos de Cinema de Chicago.


Stuart Dryburgh, em 1993, foi laureado à Melhor Direção de Fotografia pela Associação do Filme Australiano, Associação dos Críticos de Cinema de Los Angeles e recebeu o troféu Golden Frog do Camerimage. Foi indicado, no mesmo ano, ao prêmio da Sociedade Britânica dos Diretores de Fotografia e, em 1994, ao Oscar, BAFTA Award e nominado pelo Acabamento Superior em Fotografia para Cinema pela Sociedade Americana de Diretores de Fotografia.


O compositor Michael Nyman recebeu, em 1994, o prêmio na categoria de Melhor Trilha Musical Original pela Associação do Filme Australiano e Associação dos Críticos de Cinema de Chicago. Nesse mesmo ano recebeu indicações ao Globo de Ouro e BAFTA Award.


Em 1993, Janet Petterson, pelo Melhor Figurino, recebeu o prêmio da Associação do Filme Australiano e, em 1994, o BAFTA Award.


Andrew McAlpine, pelo Melhor Desenho de Produção, levou, em 1993, o prêmio da Associação do Filme Australiano e, em 1994, o BAFTA Award.


Veronika Jenet, pela Melhor Montagem, foi indicada em 1993 ao prêmio da Associação do Filme Australiano; em 1994, ao BAFTA Award e prêmio do American Cinema Editors.


Lee Smith, Tony Johnson, Gethin Creagh, Peter Townend e Annabelle Sheehan foram, em 1993, na categoria de Melhor Som, premiados pela Associação do Filme Australiano; em 1994 receberam o Golden Reel de Melhor Edição de Som em Realização Estrangeira da Motion Picture Sound Editors (EUA). Nesse ano, Lee Smith, Tony Johnson e Gethin Creagh foram nominados ao BAFTA Award por Melhor Som.


O piano foi, em 1993, apontado como Melhor Realização pelo Instituto do Filme Australiano e, em 1994, pelo Southeastern Film Critics Association. Como Melhor Produção Estrangeira recebeu, nesse mesmo ano, o Bodil Award, o prêmio do Independent Spirit Award, da Associação de Críticos de Cinema de Chicago, do Robert Festival, o Guldbagge Award, o francês César e o Condor de Prata da Associação de Críticos Argentinos. Nesse ano foi eleito o Filme Mais Popular no Vancouver International Film Festival, Filme do Ano pelo Círculo de Críticos de Cinema de Londres e levantou o prêmio, endereçado à produtora Jan Chapman, de Produção mais Promissora para Cinema do Parental Guidance of America. Ainda foi indicado ao Oscar de Melhor Filme, Globo de Ouro na categoria drama, e aos prêmios da Associação de Críticos de Cinema de Chicago e da Academia Japonesa de Cinema (1995) como Melhor Realização Estrangeira. Em 1994 foi nominado ao prêmio Democracia pela Sociedade do Filme Político dos Estados Unidos.


Kerry Walker — a Tia Morag (uma da mulheres maoris) — e Sam Neil foram indicados como coadjuvantes aos prêmios de Melhor Atriz e Melhor Ator, respectivamente, pelo Instituto Australiano de Cinema em 1993.



Roteiro: Jane Campion. Música e direção musical: Michael Nyman. Montagem: Veronica Jenet. Figurinos: Janet Petterson. Desenho de produção: Andrew McAlpine. Produtor executivo: Alain Depardieu. Produtor associado: Mark Turnbull. Direção de fotografia (Eastmancolor): Stuart Dryburgh. Supervisão da direção de arte: Gregory P. Keen. Decoração: Meryl Cronin. Assistentes de próteses: Stuart Conran, Clifford Hughes. Assistentes de penteados: Eithne Curran, Deirdre Haworth, Michelle Page. Maquiagem e próteses: Marjory Hamlin. Maquiagem de Holly Hunter: Katherine James. Supervisão de próteses: Bob McCarron. Consultor de penteados: Stephen Price. Penteados e maquiagem: Francia Smeets. Supervisão de penteados, de maquiagem e penteados de Holly Hunter: Noriko Watanabe. Supervisão da pós-produção: Stephen O'Rourke. Gerente de produção: Chloe Smith. Gerente de unidade: John Wilson. Direção de segunda unidade: Colin Englert. Segundos assistentes de direção: Victoria Hardy, Charlie Haskell. Terceiros assistentes de direção: Therese Mangos, Simon Millar. Primeiros assistentes de direção: Chris Short (segunda unidade), Mark Turnbull. Carpintaria: Graham Aston, Peter Brown, Neil Cromie, Matthew Gordon, Mike Maxwell, Russell Munro, Nik Novis, Bob Schmidt, Willy Schmidt, Iain 'Horace' Newton, Georg Stumpf, Michael Sudholter, Trevor Tutte, Alan Wilson. Camareiros: Graham Aston, Phred Palmer, Manu Sinclair. Operário de construções: Ian Chisnall. Contrarregras: Mark Daniell, Lyndsay Meager, Piripi Taratoa, John Williams, Paul Worley. Arte cênica: Barry Eller, Trevor Lithgow. Contínuo do departamento de arte: Rees Fox. Assistente da direção de arte: Jackie Gilmore. Aquisições para o departamento de arte: Mark Grenfell. Desenhista: Neil Henson. Gerente de construções: John Miles. Responsável por áreas verdes: Amanda Molloy. Contato do departamenteo de arte em Sidney: Ken Muggleston. Chefe de arte cênica: Tim Murton. Pinturas: Scott Russell, Inia Taylor. Coordenação do departamento de arte: Kirsten Shouler. Ruídos de sala: Steve Burgess, Gerry Long. Edição de diálogos: Jeanine Chiavlo, Gary O'Grady. Mixagem de som: Gethin Creagh. Regravação de diálogos: Robert Deschaine, Simon Hewitt, Richard Jenkins, David Jobe. Gravação de som: Tony Johnson. Assistente de engenheiro de som: Jamie Luker. Operador de microfones: Axel Paton. Supervisão da edição de regravação de som: Annabelle Sheehan. Planejamento de som: Lee Smith. Edição de efeitos sonoros: Peter Townend. Assistentes da edição de som: Libby Villa, Kimberly Walls. Assistentes de efeitos especiais: Jason Docherty, Jason Durey. Coordenação de efeitos especiais: Ken Durey, Waynne Rugg. Assistente de efeitos especiais submarinos: Kent Miklenda, Arthur Spink Jr. Efeitos óticos: Roger Cowland. Coordenação de lutas e dublês: Robert Bruce. Dublês para Holly Hunter: Sue Easdon, Georgina Gilbert. Dublês para Anna Paquin: Zo Hartley, Shelley Simpson. Dublês: Steve Griffin (não creditado), Tanya Burroughs, Nik Beachman, Eddie Campbell, Nina Powierza. Eletricista de iluminação: Mark Archibald. Operador de câmera: Alun Bollinger. Assistente de câmera submarina: David Dunkley. Operadores de máquinas e ferramentas: Annie Frear, Geoff Jamieson, Bruce Williamson. Assistente de câmera da segunda unidade: Josie Harbutt. Segundos assistentes de câmera: Josie Harbutt, Rob Marsh. Operador de câmera da segunda unidade: Rewa Harre. Fotografia submarina: Rob Hunter. Operador de steadicam em locações: Ian Jones. Eletricista-chefe: Don Jowsey. Operador de steadicam em estúdio: John Mahaffie. Fotografia de cena: Grant Matthews, Polly Walker. Primeiro assistente de câmera: Cameron McLean. Assistentes de operador de máquinas e ferramentas: Erin O'Leary, Sean O'Neill. Assistente de iluminação em estúdio: Sean O'Neill. Coordenação de cabos: Tad Pride. Eletricista-chefe da segunda unidade: Kevin Riley. Operador geral: Ed Sims. Terceiro assistente de câmera: Phillip Skelton. Produção de elenco na Austrália: Alison Barrett. Assistente da produção de elenco na Nova Zelândia: Robyn Cammell. Produção de elenco na Inglaterra: Susie Figgis. Produção de elenco na Nova Zelândia: Diana Rowan. Produção de elenco nos Estados Unidos: Victoria Thomas. Modista: Rosy Boylan. Corte e costura: Wendy Chuck, Maria Inglis, Perrin McLeod, Marian Olsen. Coordenação de guarda-roupa: Barbara Darragh. Guarda-roupa: Chris Elliott, Jane Holland. Assistentes de guarda-roupa: Sue Gandy Marian Hera, Liz McGregor. Maquinista do departamento de figurinos: Rosemary Gough. Calçados: Jodie Morrison. Artes manuais: Jaindra Watson. Joias: Joaquin Zepeda. Graduação de cor: Arthur Cambridge, Rob Sciarratta. Segundos assistentes de montagem: Claire Corbett, Nicola Smith. Primeiro assistente de montagem: Heidi Kenessey. Estagiário-assistente de montagem: Tamsin O'Rourke. Ajuste de negativos: Karen Psaltis. Engenheiro de gravação musical: Michael J. Dutton. Músicos: Andrew Findon (saxofone), John Harle (saxofone), Holly Hunter (solos de piano). Supervisão de produção musical: Daniel Brock (não creditado). Mixagem da orquestração da trilha musical: Malcolm Luker (não creditado). Acompanhamento e tutoria de Anna Paquin: Patricia Quirke, Amanda Rees. Afinador de pianos: David Jenkin. Alimentação: Colin Sutherland. Amestrador de cães: Mark Vette. Anotador da produção: Miro Bilbrough. Assessoria de imprensa: Colin Englert. Assistentes da contabilidade: Anna McMurtry, Helen De Groot. Assistentes de alimentação: Ken Robertson, Mark Askew, Sue-Ellen Boag. Assistente de produção: Karen Gleave. Assistentes de unidade: Peter Ward, Simon Millar. Assistentes para a direção na pós-produção: Anne Berriman, Lynn-Maree Danzey. Assistente para a direção: Christina Andreef. Assistente para a produção: Lee-Anne Higgins. Assistente para Harvey Keitel em Nova York: Ante Novakovic (não creditado). Assistente para Harvey Keitel: Kenneth McGregor. Assistente para Jan Chapman: Sue Smith. Boys: Sigi Spath Jr., Belinda Crayford. Consultoria de linguagem para o cast maori: Temuera Morrison. Consultoria em diálogos na lingua maori: Selwyn Muru, Waihoroi Shortland. Contabilidade da pós-produção: Cynthia Kelly, Stephen O'Rourke. Contabilidade: Keith MacKenzie. Continuidade: Lynn-Maree Danzey. Contínuos: Justin Huege de Serville, Cushla Foley, Alan Lio. Coordenação da produção: Moira Grant. Coordenação de barcos: Ken Durey. Coordenação de mergulhadores: Tony Thew. Coreografia: Mary-Anne Schultz. Edição do roteiro: Billy MacKinnon. Efeitos especiais submarinos: Tad Pride. Enfermaria: Wendy MacKereth, Barbara Sims. Escritório de segurança: Robert Bruce. Fabricação de cordas: Charles Neho. Gerente de locações: Sally Sherratt. Instrução de linguagem de sinais para Anna Paquin: Holly Hunter. Instrutor de dialetos para Harvey Keitel: Jon Sperry. Instrutor de dialetos para Anna Paquin: Eddie Campbell. Instrutor de dialetos para As Tias: Gena Pioro. Instrutor de dialetos para Holly Hunter: Carla Meyer. Instrutor de piano para Anna Paquin: Judy Jones. Instrutor de piano para Holly Hunter: Margie Balter. Intérprete: Nathalie Celie. Intrutora de linguagem de sinais: Darlene Allen. Leitura labial na Nova Zelândia: David Donaldson, Bruce McArthur. Linguagem de sinais na Austrália: Denise Wolfson. Lutas: Iain 'Horace' Newton. Maquinista: Christine Bainbridge. Médico em tomadas submarinas: Andrew Veale. Mergulhadores: Mark Asaia, Leonard Fischer, Richard Moore. Personal trainer para Harvey Keitel: Stephen Wernick. Pesquisa: Colin Englert, Peter Long. Piloto de helicóptero: Tony Monk. Planejamento de créditos: Peter Long. Publicidade: Rachel Stace. Relações nas locações em Matakana: Garth Hodgetts. Réplica de piano: Alan Whear. Representantes legais: Joanne Court, Peter Thompson. Secretaria da produção: Susie Gibbs. Segurança em locações: Mark Askew. Técnico de engenharia: Malcolm Luker. Agradecimentos a: Pierre Rissient. Estúdio de gravação musical: Arco Studios. Fornecimento de alimentação: Flying Trestles. Serviços de promoção e marketing: Murray Weissman and Associates. Serviços gráficos: Optical & Graphics. Facilidades de pós-produção: Spectrum Films International. Licenciamento e exclusividade de clip e fotos de cena: Visual Icon. Sistema de mixagem de som: Dolby. Tempo de exibição: 121 minutos.



(José Eugenio Guimarães, 1993; revisto e ampliado em 1996)

5 comentários:

  1. Eugênio,

    Por incrível que possa parecer, não vi esta bela fita da Champion, filme muito falado e elogiado da boa diretora, embora trabalhasse como fiscal do cinema onde estava passando.

    E, com o enorme movimento de entra e sai dos espectadores, e trabalho incessante, jamais me sobrou tempo para apreciar a pelicula da Jane (época em que ali mesmo vi Esqueceram de mim 3, Um Sonho Distante, Obsessão Fatal, O Ultimo dos Moicanos, dentre outros).

    Como neozeolandesa que é, a Jane estava muito à vontade para exprimir sentimentos e mostrar com esmero e perfeição o que de bom tem em sua bela terra.

    Caminho no aguardo de uma oportunidade para o assistir ainda hoje. E, mesmo na TV, ele é muito dificil de passar.

    jurandir_lima@bol.com.br

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    1. Olá, Jurandir!

      Como vai? Aqui estou, enfim, cavando espaço e tempo para por em dia a interação com os comentários.

      Espero que já tenha visto O PIANO. Não sei a quantas anda a carreira de Jane Campion atualmente. Se ela mantém o nível dos primeiros filmes ou se perdeu o pé como tantos cineastas promissores que, sabe-se lá por quais razões, afundam na mediocridade, como é o caso do hindu naturalizado estadunidense M. Night Shyamalan. O cara mostrou domínio da linguagem. Sabe criar climas somente com a câmera, sem a necessidade de apelar para a firula dos fogos de artifício. Mas sua carreira deu com os burros n'água nas últimas realizações que nos apresentou.

      Mas, podendo, veja O PIANO. É belíssimo, sensível, bem dirigido e muito bem interpretado. Não sei lhe informar se costuma frequentar a programação dos canais de TV, inclusive da medíocre grade dos canais por assinatura.

      Um abraço.

      José Eugenio Guimarães

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  2. Este filme é bonito. Obrigado por sua passagem no meu blog. Merci encore à toi et bien le bonjour de Bruxelles !

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    1. Merci beaucoup par son passage dans mon blog et par enregistrer sa présence. Il me plaît beaucoup de ce film - THE PIANO - et, par le vu, vous aussi, Chez Sentinelle. J'encore reviendrai plus fois à son blog. Tout de bon pour vous et j'attends la voir ici plus fois.

      Embrassades de Niterói/Rio de Janeiro/le Brésil.

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